Entenda a acusação do Itaú contra ex-CFO e seu sócio: O Itaú Unibanco protocolou, na noite desta sexta-feira (6), uma ação civil contra Alexsandro Broedel, ex-diretor financeiro do banco, e Eliseu Martins, um dos maiores especialistas em contabilidade do Brasil. O banco alega a existência de uma sociedade entre os dois e transferências financeiras que teriam beneficiado indevidamente o ex-executivo durante sua atuação na instituição.
As Respostas dos Acusados
Em nota, Alexsandro Broedel afirmou que as acusações são infundadas e que tomará medidas judiciais contra o Itaú. Segundo ele, sua conduta no banco sempre foi ética e transparente. Ele ainda destacou que os serviços mencionados pelo Itaú eram de pleno conhecimento da instituição e que a suspeita foi levantada apenas após sua saída para assumir um cargo global no Santander, concorrente do Itaú.
Eliseu Martins, por sua vez, contestou as alegações do banco, acusando-o de agir com má-fé. Ele argumentou que todos os serviços prestados foram entregues, exceto por quatro pareceres pagos antecipadamente e que serão ressarcidos. Martins também criticou o envolvimento de seus filhos na acusação e declarou estar disposto a esclarecer os fatos em juízo.
A Cronologia dos Fatos
De acordo com o Itaú, o caso se desenrolou da seguinte forma:
- Julho de 2024: Broedel anunciou sua saída do Itaú para assumir um posto global no Santander, na Espanha.
- Agosto de 2024: O banco iniciou uma investigação interna para apurar possíveis irregularidades na atuação de Broedel.
- Setembro de 2024: O vínculo entre o Itaú e Broedel foi oficialmente encerrado.
- Dezembro de 2024: Após assembleia realizada no dia 5, o banco anulou as contas do ex-CFO e protocolou a ação civil.
Os Envolvidos no Caso
Alexsandro Broedel
Ex-CFO do Itaú, cargo que ocupou de 2021 até julho de 2024, Broedel é professor na Universidade de São Paulo (USP), com formação em Contabilidade e Direito. Antes de ingressar no Itaú, ele atuou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e no escritório Mattos Filhos.
Eliseu Martins
Reconhecido como uma das maiores referências em contabilidade no Brasil, Martins é professor emérito da USP e ex-diretor da CVM. Ele também prestou serviços como parecerista e consultor ao longo de décadas.
As Empresas Envolvidas
O caso envolve três empresas diretamente relacionadas às acusações:
- Broedel Consultores: Fundada em 1998 por Broedel e da qual Martins tornou-se sócio em 2012.
- Care Consultores: Empresa de Martins e seu filho, Eric Martins, que prestava serviços ao Itaú.
- Evam Consultores: Sociedade dos filhos de Martins, Eric e Vinicius.
A Acusação do Itaú
Segundo o banco, Broedel teria omitido que mantinha uma sociedade com Martins, que também era fornecedor do Itaú, além de exercer atividades externas como consultor e parecerista, o que configura uma violação do Código de Ética da instituição.
De 2019 a 2024, Broedel teria contratado 40 pareceres da Care Consultores, totalizando pagamentos de R$ 13,255 milhões. Contudo, o banco afirma que não localizou 16 desses pareceres, levantando dúvidas sobre sua existência.
Além disso, o Itaú identificou transferências da Care para a Evam Consultores e, posteriormente, para contas pessoais de Broedel, totalizando R$ 4,86 milhões, o que sugere repasses indevidos de cerca de 40% do valor total pago pelo banco à empresa de Martins.
Próximos Passos
O Itaú busca na justiça:
- Ressarcimento de R$ 6,645 milhões por pareceres não localizados ou não entregues.
- Indenização de R$ 4,86 milhões, equivalentes aos repasses que teriam beneficiado Broedel.
Enquanto o processo judicial segue em andamento, ambas as partes reafirmam sua disposição em defender suas posições. Broedel e Martins sustentam que todas as atividades realizadas foram lícitas e de conhecimento do banco, enquanto o Itaú afirma ter agido para proteger sua integridade e os interesses de seus acionistas.